Um ladrão estava encurralado na Rainha Elizabeth com Nossa Senhora de
Copacabana, sábado, 18h30. Ensanguentado, levava porrada de saradões,
mulheres, velhos. De passagem, o historiador Joel Rufino, 74 anos,
exibiu a carteira de diretor de comunicação do TJ e impediu o massacre.
Um policial civil armado assistia sem se meter.
Nosso amigo, o historiador Joel Rufino dos Santos não poderia fazer
por menos ao se ver diante de uma cena de barbárie perpetrada por uma
corja de rufiões saradões e senhoras “de classe” que, sob o olhar
complacente e incentivador de um policial civil, linchavam um ladrão em
plena Princesinha do Mar, como o bairro de Copabacana é chamada pelos
poetas:
Joel Rufino reagiu. Interferiu, se meteu no meio do banho de sangue e
salvou a vida do rapaz. Impediu com seu ato de coragem civil mais uma
execução sob tortura em praça pública de uma pessoa humana em nosso
País.
Todos nós sabemos os riscos pessoais que corre qualquer cidadão ao
enfrentar uma turba enfurecida desejosa de fazer justiça com as próprias
mãos. A maioria das pessoas prefere passar ao largo para não ter
aborrecimentos.
A sociedade brasileira, apesar dos avanços econômicos, ficou muito a
dever ao aprendizado para a cidadania e a defesa dos direitos humanos.
Mesmo com seus 74 anos de idade e seu corpo franzino, Joel Rufino
agiu sem olhar os riscos que corria. É uma exemplo a ser seguido por
todos os jovens que não desejam se omitir diante de cenas de barbárie
que testemunhem.
Com um simples gesto, perigoso, mas singelo, meu amigo Joel traz um
alento para todos nós brasileiros e brasileiras, que ainda acreditamos
que a dignidade e a integridade de cada cidadão, infrator ou não, é para
ser respeitada e protegida.
Vale a pena ser gente brasileira quando temos amigos com esta coragem carinhosa para com todos que nos cercam.
originalmente publicado em http://carosamigos.com.br/index.php/cotidiano/5293-historiador-impede-linchamento-no-rio-enquanto-policial-armado-assistia-massacre